segunda-feira, 23 de julho de 2012

Um velório sem corpo.

- Vem aqui, vou te contar uma coisa minha filha!
Disse a avó com 84 anos, para sua neta de 24.
- Segura na minha mão e ouve bem o que a vó, tem para lhe dizer:
A verdade é que o que lhe aconteceu, foi um velório sem corpo. Tu, minha filha, teve que esquecer alguém sem a despedida, sem o adeus, sem o último toque, sem saber que findava, e por isso a tua dor.
Uma vez eu achei que a minha avó não enxergava as coisas como elas são, e pensava que ela não compreendia 2012 com totalidade. Mas essa conversa me fez ver que além da percepção de uma senhora, estava a verdade que eu custei para formalizar numa só frase.
Tá aí.
Exercito todos os dias uma conversa franca com meus botões, e por mais que os dias passem tem um silêncio que paira, uma interrogação no peito. Às vezes a gente só deixa a vida nos levar, como se fosse um rio que carrega lixo e troncos de árvores, mas se enfrentar e perceber o que acontece não costuma ser um hábito na nossa vida.
A dose da realidade, ela é sempre bem- vinda! Por isso: Obrigada vó, por estender a mão - enrugada e leve, nestes momentos em que a gente procura terminar com sentimentos que ainda não foram velados.


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